sexta-feira, 30 de setembro de 2011
terça-feira, 27 de setembro de 2011
SONHOS E CIÊNCIA
-OBRA DE ESCHER-
Psicologia dos Sonhos
"O sonho é a estrada real que conduz ao inconsciente."
(Sigmund Freud)
O sonho é uma manifestação criativa da psique (mente inconsciente e consciente) e transcende os meros cinco sentidos. Portanto, os sonhos podem, de forma simbólica e numa linguagem própria, revelar questões de sua personalidade que precisam ser trabalhadas. Além de apresentar soluções para problemas do cotidiano e regular suas emoções internas.
Os sonhos se constituem de uma forma especial de consciência.A importância do sono REM para o desenvolvimento da criança e, eventualmente de sua consciência, se revela no fato de que o sono REM (que mostra correlação fisiológica com os sonhos) corresponde a cerca de 50% do tempo total de sono em recém-nascidos e reduz-se progressivamente até a idade adulta.
Segundo F. Crick e G. Mitchison, o sono é necessário para apagar as informações erradas que são armazenadas no cérebro durante o período em que o indivíduo está acordado; os sonhos são o reflexo deste processo.
Isto poderia explicar porque as crianças cujo ritmo de aprendizagem é intenso, apresentam mais sono REM que os adultos. Elas necessitam, segundo esta idéia, esquecer as diversas associações erradas ou sem sentido que se formam durante a sua aprendizagem quando estão acordadas, favorecendo, desta forma, o armazenamento das associações ou informações aprendidas que são verdadeiramente importantes.
A psicanálise, porém, não aceita essa tese tão simplista.
Segundo esta o sonho é um meio pelo qual o inconsciente procura alertar a consciência para o que ela não percebe ou não quer aceitar, e tenta, por compensação, equilibrar a psique, a totalidade de fenômenos psíquicos. Os sonhos trazem à tona os complexos e sugerem alternativas para a consciência,( cujo centro é o ego), realizar o que a pessoa é potencialmente. Ou seja, os sonhos são avisos.
Carl Jung não reduz os sonhos à satisfação de desejos reprimidos no inconsciente pessoal, como o fez Freud. Ele os toma como mensageiros de complexos. Segundo ele, anexo a nossa consciência imediata existe um segundo sistema psíquico, de natureza coletiva, universal e impessoal, que se revela idêntico em todos os indivíduos. Povoando esse inconsciente coletivo há os arquétipos (imagens primordiais ou símbolos, impressos na psique desde o começo dos tempos e, a partir de então transmitidos à humanidade inteira).
A mãe, o pai, a criança, a anima, o animus, o herói, a sombra, com seus temas associados, são exemplos de tais arquétipos, representados mundialmente em mitos, histórias infantis e sonhos. As mensagens arquetípicas nos sonhos conferem uma forma definida a determinado conteúdo psíquico do inconsciente e quase sempre assumem imagens simbólicas.
A psique coletiva, que é uma seleção de arquétipos de um povo numa dada época de sua história, molda a psique individual (a personalidade de cada um de nós). Todavia, no fundo, a coletiva é a exteriorização das individuais. Desse modo, a psique coletiva e a individual existem numa relação dialética.
"Dentro de cada um de nós há um outro que não conhecemos. Ele fala conosco por meio dos sonhos."
(Carl Jung)
Desde as mais remotas épocas, os homens procuram entender as mensagens ou os significados desses fenômenos intrigantes e misteriosos que são os sonhos. O que tem variado, ao longo do tempo, é a importância atribuída e a compreensão que se tem deles. Se os sonhos são vistos como série de imagens que aparecem sem sentido para a personalidade do sonhador ou se são encarados como mensagens do além, isso demonstra apenas diferentes interpretações, as quais refletem o status ou a valorização dados a eles.
Uma das funções dos sonhos é, justamente, contrabalançar a racionalidade do pensamento verbal com um pensamento em imagens e símbolos. Sua lógica é afetiva, figurativa. Não é linear, cartesiana, mas dramática, mitológica.
O sonho é importante por indicar inter-relações não sabidas, mas existentes. Mesmo que pareça fugaz, já que escapa à captação e a retenção na memória, ele mobiliza impressões profundas que não podem ser transmitidas verbalmente, mas que permeiam e deixam sua marca em nós. Aquilo que em uma primeira observação parece estranho, ilógico, pode, em um exame mais cuidadoso e meticuloso, revelar seu significado e importância no desenvolvimento normal e em seus distúrbios.
Nossa vida e nossa história se constroem nos dias em que estamos acordados e nas noites em que dormimos e sonhamos. A psique diurna, consciente, e a psique noturna, inconsciente, apesar de diferentes, se completam para o todo que somos. Por meio dos sonhos estabelecemos uma comunicação com esse lado noturno, em geral desconhecido, mas não menos vivo e atuante.
O exame cuidadoso de um sonho mostra que sua configuração não é arbitrária. Sua linguagem é precisa em sua forma pictórica, simbólica. Na medida em que vamos compreendendo essas inter-relações, obtemos um vislumbre de sua coerência e lógica afetiva. Vamos ampliando nossa consciência. Saímos do plano da lógica habitual para abertura para as imagens, emoções, símbolos, enfim, para os aspectos não-racionais da alma.
Os sonhos estão relacionados tanto à nossa saúde psíquica quanto física. Freqüentemente, afecções corporais parecem constituir a dramatização dos conflitos psíquicos, ou questões vitais se manifestam no corpo, por falta de outros meios de expressão. Corpo e psique estão interligados ou, como diz Jung : "A psique e a matéria são aspectos diferentes de um único todo".
Como expressão simbólica do processo vital, o sonho tem implicações profundas e elevadas, para o físico e para o espiritual, para o corpo e para a psique. Ele pode ser um aliado valioso para a compreensão dessas interligações. Pode nos fornecer o mapa para a compreensão simbólica de sintomas psicossomáticos e, por vezes, de sua resolução. Pode constituir, assim, uma chave preciosa para nosso autoconhecimento e bem-estar.(SITE:VIRTUAL BPM)
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
SONHOS E ARTE
WATERFALL - ESCHER -
Sonhos -
Terapia formativa: Posturas Corporais Durante o Sonho Dizem Muito Sobre Você
O GLOBO ONLINE
Publicada em 03/07/2007
Tatiana Clébicar
RIO - Você se lembra do que sonhou hoje? Puxe pela memória e recorde qual era sua postura corporal. É assim, recorrendo à anatomia durante o sonho, que trabalha a psicologia formativaTM. A terapia foi desenvolvida pelo americano Stanley Keleman e parte do pressuposto que psiquismo e corpo estão diretamente associados. Trabalhar essa relação pode mudar a vida de uma pessoa, diz a a psicóloga Leila Cohn. Mestre em psicologia pelo California Institute of Integral Studies, nos Estados Unidos, ela trouxe a terapia para o Brasil.
O sonho é um ensaio para a vida. Ou uma tentativa de se reorganizarem experiências traumáticas.
- A função do sonho é nos presentear com algo a que não temos acesso conscientemente. Todos os personagens de um sonho são a própria pessoa. Temos que entender o que ele nos diz e fazer algo com isso - explica Leila, que trabalhou com o criador da técnica entre 1988 e 1994 e hoje é diretora do Centro de Psicologia FormativaTM do Brasil.
O método de trabalho consiste em reproduzir os movimentos do sonho com atenção a todos os detalhes. Em seguida, esse exercício é repetido em diferentes intensidades. Por exemplo, se no sonho o indivíduo sentia a musculatura rígida, ela tentará quatro graus de rigidez. A segunda etapa é desconstruir o movimento pouco a pouco.
- Durante a reprodução do movimento, a pessoa passa por uma experiência física e emocional, que traz sentimentos, emoções, lembranças. Depois conversamos sobre isso. Será que o sonho não é um pedido para que a pessoa seja menos rígida em seu cotidiano? O sonho é um ensaio para a vida. Ou uma tentativa de se reorganizarem experiências traumáticas - explica a especialista, contando que as sessões podem ser individuais ou grupos de trabalho por tema, como compulsão.
Segundo a psicóloga, o trabalho é neuromotor. O vai-e-vem da musculatura e dos sentimentos altera conexões cerebrais. E a cada postura dos músculos corresponde uma espécie de configuração neurológica, um mapa cerebral. Leila Cohn explica que as posturas são infinitas, mas há situações com que todos os seres humanos já sonharam: susto, fuga, virar-se, empurrar um objeto ou uma pessoa. No entanto, a interpretação dessas ações são individuais:
- Duas pessoas podem sonhar que estão caindo num buraco e experimentar o susto. Mas elas podem estar assustadas por motivos completamente diferentes: uma porque está se casando e a outra porque está se separando.
domingo, 25 de setembro de 2011
POESIA E SONHOS
DA NOITE
HILDA HILST
Vi as éguas da noite galopando entre as vinhas
E buscando meus sonhos. Eram soberbas, altas.
Algumas tinham manchas azuladas
E o dorso reluzia igual à noite
E as manhãs morriam
Debaixo de suas patas encarnadas.
Vi-as sorvendo as uvas que pendiam
E os beiços eram negros e orvalhados.
Uníssonas, resfolegavam.
Vi as éguas da noite entre os escombros
Da paisagem que fui. Vi sombras, elfos e ciladas.
Laços de pedra e palha entre as alfombras
E vasto, um poço engolindo meu nome e meu retrato.
Vi-as tumultuadas. Intensas.
E numa delas, insone, a mim me vi.
Hilda Hilst, in Do Desejo, ed. Globo
sábado, 24 de setembro de 2011
POESIA E PINTURA
EDGAR DEGAS- BAILARINAS DE AZUL -
A BAILARINA
ROSEANA MURRAY
Caminha na ponta dos pés
a bailarina,
como se o circo fosse feito
de neblina:
Vai bailar a bailarina,
vai voar a bailarina
e é tão fina, tão fina...
vira vento a bailarina,
vira nuvem, vira ilha,
e num último salto
ilumina o palco,
transformando o silêncio
em maravilha.
In O Circo, ed. Paulus, reedição, 2011
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
PRIMAVERA
FOTO DO BLOG:ABSOLUTELY BEAUTIFUL THINGS, BY ANNA SPIRO.
Primavera
CECÍLIA MEIRELES
A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.
Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.
Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.
Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.
Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, — e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.
Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.
Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.
Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.
Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera.
Texto extraído do livro "Cecília Meireles - Obra em Prosa - Volume 1", Editora Nova Fronteira - Rio de Janeiro, 1998, pág. 366.
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
DIA DA ÁRVORE
VAN GOGH - ÁRVORE -
Velhas Árvores
OLAVO BILAC
Olha estas velhas árvores, mais belas
Do que as árvores novas, mais amigas:
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas...
O homem, a fera, e o inseto, à sombra delas
Vivem, livres de fomes e fadigas;
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
E os amores das aves tagarelas.
Não choremos, amigo, a mocidade!
Envelheçamos rindo! envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem:
Na glória da alegria e da bondade,
Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem!
Olavo Bilac, in "Poesias"
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
MONTANHAS DE MINAS
LEIAM NA ÍNTEGRA - E APRECIEM AS IMAGENS -
OBRAS DE THEO AMARAL
MINAS GERAIS
ELIANA MIRANZI
HÁ ALGO EM MIM QUE SE MOVE
COM MONTANHAS EM CADEIA.
QUE SE ESCORRE COM OS RIOS.
QUE SE DESPENCA EM CASCATAS.
ALGO EM MIM QUE FLUTUA
E VOA COM NUVENS NOVAS
FUGINDO LOUCAS AO VENTO.
E SE ESPANTA E SE DESLUMBRA
COM QUALQUER LUA LEITOSA
COMO SE TUDO ISSO
SEMPRE, SEMPRE FOSSE VISTO
PELA PRIMEIRA VEZ.
Série: "Montanhas de Minas", 2008.
THEO AMARAL -M. GERAIS- BRASIL-
Minas são muitas, já dizia o poeta... e foi com essa crença que surgiu a idéia da série de 21 pinturas que reverenciam as montanhas de Minas, suas nuances, desdobramentos, volumes...
Pinturas abrigam o encanto do artifício, imagens desdobradas, repetidas, trazendo-nos o equívoco do princípio e do fim. Essa poética permite sustentar estes espaços, “cenários-miragens”, instigando o espectador a apronfundar-se mais, frente à vastidão que cerceia estas paragens. O olhar percorre a paisagem e as imagens deslocam-se para o interior das telas. Abrigam percepções, impressões - sensações que acompanham a forma pictórica.
Imagens dúbias, despojadas do verbal e sempre acompanhadas do onírico. O poético destas imagens imerge da consciência como um produto direto da alma, de um homem tomado em sua totalidade e em sua imensa pequenez perante o mundo. Narrativas pictóricas que delineiam suas sutilezas e suas materialidades, visões poéticas cercadas da realidade do irreal.
O que dizer de cada linha imaginária que perpassa o horizonte, tênues linhas que trafegam soltas no espaço, livres, instigando-nos a percorrer seus contornos? E das inúmeras gamas tonais que fazem com que de onde se vislumbre estas paisagens tem-se a impressão de estar vendo uma grande colcha de retalhos?
O horizonte é vasto, o espaço é amplo e em contrapartida tem-se a impressão de que tudo não passa de uma grande tela – a noção do distante, a perder de vista, e do tão próximo, a arrebatar o olhar.
Estas paisagens propõem lampejos de memórias - um apropriar-se do inapropriável.
OBRAS DE THEO AMARAL
MINAS GERAIS
ELIANA MIRANZI
HÁ ALGO EM MIM QUE SE MOVE
COM MONTANHAS EM CADEIA.
QUE SE ESCORRE COM OS RIOS.
QUE SE DESPENCA EM CASCATAS.
ALGO EM MIM QUE FLUTUA
E VOA COM NUVENS NOVAS
FUGINDO LOUCAS AO VENTO.
E SE ESPANTA E SE DESLUMBRA
COM QUALQUER LUA LEITOSA
COMO SE TUDO ISSO
SEMPRE, SEMPRE FOSSE VISTO
PELA PRIMEIRA VEZ.
Série: "Montanhas de Minas", 2008.
THEO AMARAL -M. GERAIS- BRASIL-
Minas são muitas, já dizia o poeta... e foi com essa crença que surgiu a idéia da série de 21 pinturas que reverenciam as montanhas de Minas, suas nuances, desdobramentos, volumes...
Pinturas abrigam o encanto do artifício, imagens desdobradas, repetidas, trazendo-nos o equívoco do princípio e do fim. Essa poética permite sustentar estes espaços, “cenários-miragens”, instigando o espectador a apronfundar-se mais, frente à vastidão que cerceia estas paragens. O olhar percorre a paisagem e as imagens deslocam-se para o interior das telas. Abrigam percepções, impressões - sensações que acompanham a forma pictórica.
Imagens dúbias, despojadas do verbal e sempre acompanhadas do onírico. O poético destas imagens imerge da consciência como um produto direto da alma, de um homem tomado em sua totalidade e em sua imensa pequenez perante o mundo. Narrativas pictóricas que delineiam suas sutilezas e suas materialidades, visões poéticas cercadas da realidade do irreal.
O que dizer de cada linha imaginária que perpassa o horizonte, tênues linhas que trafegam soltas no espaço, livres, instigando-nos a percorrer seus contornos? E das inúmeras gamas tonais que fazem com que de onde se vislumbre estas paisagens tem-se a impressão de estar vendo uma grande colcha de retalhos?
O horizonte é vasto, o espaço é amplo e em contrapartida tem-se a impressão de que tudo não passa de uma grande tela – a noção do distante, a perder de vista, e do tão próximo, a arrebatar o olhar.
Estas paisagens propõem lampejos de memórias - um apropriar-se do inapropriável.
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
"QUANTIDADE E QUALIDADE...DE ALEGRIA...(LEIAM O TEXTO)
QUANTUM NO SÉCULO XXI
NILTON BONDER
(O GLOBO - 10/SET/ 2003)
Vivemos num mundo carente de parâmetros no qual há insuficiência de identidades e de elementos que qualifiquem. Há uma crise moral que tem dificuldade em classificar se algo é benéfico ou maléfico, justo ou injusto, permitido ou proibido. Mas se a qualidade anda em baixa, o mesmo não podemos dizer das quantidades. Elas são inéditas - de gente, de consumo, de longevidade, de destruição, de informação e de tudo mais.
Passa desapercebido ao ser humano comum que a quantidade também qualifica. As quantidades representam fronteiras entre distintas qualidades. Diz um ditado: "uma mentira é uma mentira; duas, são mentiras; mas três, é política". Ou como observou W.Minzer: "se você rouba de um autor é plágio; se você rouba de muitos é pesquisa". Plágio e pesquisa ou mentira e política são qualitativamente distintos pelo simples fato de serem quantitativamente distintos. São realidades que a matemática revela, mas que os olhos não percebem. Bem alertava Einstein que "uma linha reta é o mais simples e trivial exemplo de uma curva". Toda a conduta humana, por mais reta que seja, é uma curva.
Nada melhor exemplifica isto do que a "verdade".
Diz um provérbio judaico "Metade de uma verdade é uma mentira inteira". A verdade é uma unidade quantitativa que se diminuída, imediatamente se modifica qualitativamente. Aliás, não só diminuída porque o Talmude alerta: "Quando você acrescenta à verdade, você subtrai dela". Em outras palavras, a mais ou a menos, uma verdade é uma mentira.
Em realidade, a ética, a moral e a educação raramente ensinam sobre o efeito qualitativo da quantidade. Isto só a vida e a experiência trazem. Quem lida com receitas sabe, como sabia meu avô, que a vida é como uma panela no fogo. Se ao tentar fazer um ensopado, passar do ponto… não tem problema - vira um cozido. Se ainda passar do ponto - vira um assado! Nossa qualidade de vida talvez dependa de nossa adaptabilidade às quantidades da vida.
No entanto, há um enorme risco quando a quantidade ao invés de interferir na qualidade acaba por substituí-la. Fica cada vez mais evidente que o mundo de hoje será julgado qualitativamente no futuro por suas quantidades. A preservação dos recursos naturais e a distribuição de riqueza são hoje questões morais determinadas mais por quantidades do que por qualidades.
Quem consumir ou acumular em certas quantidades estará automaticamente se qualificando como ajustado ou desajustado, como perverso ou justo. O roubo ou a violência não serão mais definidos pela qualidade de se descumprir a lei ou a ordem, mas pela imoralidade quantitativa de nosso comportamento.
O que é um câncer senão células que não querem se submeter à disciplina do corpo, que trocam diretrizes qualitativas por quantitativas. Seu "ego" fica descontrolado, enlouquecido. No afã de devorar tudo que vêem pela frente deixam de se importar com o organismo como um todo. Trata-se de células que trocam parâmetros de qualidade por parâmetros de quantidade.
Nossa incapacidade de gerenciar nossas vidas e recursos por parâmetros de qualidade está restringindo a moral e a ética ao território das quantidades. Números no lugar de adjetivos, proporções no lugar de critérios, quotas ao invés de estratégias, estatísticas no lugar de destinos. Um mundo que só julga pelas relações é um mundo sem visão, um mundo sem sonhos.
Há urgência por identidades e referências. Não se trata de um mundo apenas de qualidades sem nenhuma influência das quantidades, como querem os fundamentalistas. Mas também não é um mundo regido por quantidades a despeito de qualidades, como querem os imediatistas e os oportunistas.
A razão maior pela qual quantificamos nossos anos é despertarmos para a necessidade de parâmetros de qualidade.
Um planeta quantitativamente convencionado é o que chamamos de globalização. Um planeta qualitativamente coeso é o que chamamos de um organismo. Se não nos tornarmos mais orgânicos, respondendo com urgência as necessidades de todas as nossas partes, então infecções como o 11/9, ou bolsões de pobreza e de violência podem muito bem nos levar a um estado de septicemia generalizada.
Se há uma guerra profética a se desencadear ela está dentro de nós e não fora. Seremos capazes de funcionar qualitativamente como células deste organismo ou funcionaremos quantitativamente como focos ou metástases deste processo degenerativo?
Rabino Nilton Bonder
terça-feira, 13 de setembro de 2011
PABLO PICASSO - ESPANHA -
PENSAMENTO DE NILTON BONDER
"Toda a compreensão que temos dos outros deriva de nós mesmos. Quando nos identificamos com alguém e podemos aceitar sua forma de ser, significa que encontramos em nós mesmos elementos semelhantes ao outro.
Identificamo-nos com os outros quando entendemos existir em nós as mesmas limitações, angústias e ansiedades que experimentam. Por esta razão, para que este mundo seja mais tolerante é fundamental que as pessoas se conheçam mais.
O autoconhecimento é um dos movimentos políticos menos reconhecidos e computados nas análises das forças que transformam este mundo. A paz só é possível entre pessoas que se conhecem
Nilton bonder
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
Meditação à beira de um poema
ADÉLIA PRADO
Podei a roseira no momento certo
e viajei muitos dias,
aprendendo de vez
que se deve esperar biblicamente
pela hora das coisas.
Quando abri a janela, vi-a,
como nunca a vira
constelada,
os botões,
Alguns já com rosa- pálido
espiando entre as sépalas,
jóias vivas em pencas.
Minha dor nas costas,
meu desaponto com os limites do tempo,
o grande esforço para que me entendam
pulverizam-se
diante do recorrente milagre.
maravilhosas faziam-se
as cíclicas perecíveis rosas.
Ninguém me demoverá
do que de repente soube
à margem dos edifícios da razão:
a misericórdia está intacta,
vagalhões de cobiça,
punhos fechados,
altissonantes iras,
nada impede ouro de corolas
e acreditai: perfumes.
Só porque é setembro
domingo, 11 de setembro de 2011
LOUISE WEISS - BRASIL -
ENSINAR O QUE NÃO SE SABE
RUBEM ALVES
E chega o momento quando o Mestre toma o discípulo pela mão, e o leva até o alto da montanha. Atrás, na direção do nascente, se vêem vales, caminhos, florestas,
riachos, planícies ermas, aldeias e cidades. Tudo brilha sob a luz clara do sol que acaba de surgir no horizonte. E o Mestre fala:
Por todos estes caminhos já andamos. Ensinei-lhe aquilo que sei; já não há surpresas. Nestes cenários conhecidos moram os homens. Também eles foram meus discípulos!
Dei-lhes o meu saber e eles aprenderam as minhas lições. Constroem casas, abrem estradas, plantam campos, geram filhos… Vivem a boa vida cotidiana, com suas alegrias e tristezas. Veja estes mapas!
Com estas palavras ele toma rolos de papel que trazia debaixo do braço e os abre diante do discípulo.
Aqui se encontra o retrato deste mundo. Se você prestar bem atenção, verá que há mapas dos céus, mapas das terras, mapas do corpo, mapas da alma. Andei por estes
cenários. Naveguei, pensei, aprendi. Aquilo que aprendi e que sei, está aqui. E estes mapas eu lhe dou, como minha herança. Com eles você poderá andar por estes
cenários sem medo e sem sustos, pisando sempre a terra firme. Dou-lhe o meu saber.
Aí o Mestre fica silencioso, olhando dentro dos olhos do discípulo. Ele quer adivinhar o que se esconde naquele olhar. Examina os seus pés. Nos pés sólidos se
revela a vocação para andar pelas trilhas conhecidas. Quem sabe isto é tudo aquilo de que aquele corpo jovem é capaz! Quem sabe isto é tudo o que aquele corpo jovem
deseja! Se assim for, talvez que o melhor seria encerrar aqui a lição e nada mais dizer.
Mas o Mestre não se contém e procura, nas costas do seu discípulo, prenúncios de asas – asas que ele imaginara haver visto como sonho, dentro dos seus olhos.
O Mestre sabe que todos os homens são seres alados por nascimento, e que só se esquecem da vocação pelas alturas quando enfeitiçados pelo conhecimento das coisas
já sabidas.
Ensinou o que sabia. Agora chegou a hora de ensinar o que não sabe: o desconhecido.
Volta-se então na direção oposta, o mar imenso e escuro, onde a luz do sol ainda não chegou.
É este o seu destino. Os poetas o têm sabido desde sempre: A solidez, da terra, monótona, parece-nos fraca ilusão. Queremos a ilusão do grande mar, multiplicada
em suas malhas de perigo (Cecília Meireles).
É preciso navegar. Deixando atrás as terras e os portos dos nossos pais e avós, nossos navios têm de buscar a terra dos nossos filhos e netos, ainda não vista, desconhecida.
(Nietzsche).
Mas, para esta aventura meus mapas não lhe bastam. Todos os diplomas são inúteis. E inútil todo o saber aprendido. Você terá de navegar dispondo de uma coisa
apenas: os seus sonhos. Os sonhos são os mapas dos navegantes que procuram novos mundos. Na busca dos seus sonhos você terá de construir um novo saber, que eu mesmo
não sei… E os seus pensamentos terão de ser outros, diferentes daqueles que você agora tem.
O seu saber é um pássaro engaiolado, que pula de poleiro a poleiro, e que você leva para onde quer. Mas dos sonhos saem pássaros selvagens, que nenhuma educação
pode domesticar.
Meu saber o ensinou a andar por caminhos sólidos. Indiquei-lhe as pedras firmes, onde você poderá colocar os seus pés, sem medo. Mas o que fazer quando se tem
de caminhar por um rio saltando de pedra em pedra, cada pedra uma incógnita? Ah! Como são diferentes o corpo movido pelo sonho, do corpo movido pelas certezas.
Sobre leves esteios o primeiro salta para diante. a esperança e o pressentimento põem asas em seus pés. Pesadamente o segundo arqueja em seu encalço e busca esteios
melhores para também alcançar aquele alvo sedutor, ao qual seu companheiro mais divino já chegou. Dir-se-ia ver dois andarilhos diante de um regato selvagem, que
corre rodopiando pedras. o primeiro, com pés ligeiros, salta por sobre ele, usando as pedras e apoiando-se nelas para lançar-se mais adiante, ainda que, atrás dele,
afundem bruscamente nas profundezas. O outro, a todo instante, detém-se desamparado, precisa antes construir fundamentos que sustentem seu passo pesado e cauteloso;
por vezes isso não dá resultado e, então, não há deus que possa auxiliá-lo a transpor o regato. (Nietzsche)
Até agora eu o ensinei a marchar. É isto que se ensina nas escolas. Caminhar com passos firmes. Não saltar nunca sobre o vazio. Nada dizer que não esteja
construído sobre sólidos fundamentos. Mas, com o aprendizado do rigor, você desaprendeu o fascínio do ousar. E até desaprendeu mesmo a arte de falar. Na Idade Média(e como a criticamos!) os pensadores só se atreviam a falar se solidamente apoiados nas autoridades. Continuamos a fazer o mesmo, embora os textos sagrados sejam outros. Também as escolas e universidades têm os seu papas, seus dogmas, suas ortodoxias. O segredo do sucesso na carreira acadêmica? Jogar bem o boca de forno,
a aprender a fazer tudo o que seu mestre mandar…
Agora o que desejo é que você aprenda a dançar. Lição de Zaratustra, que dizia que para se aprender a pensar é preciso primeiro aprender a dançar. Quem dança
com as idéias descobre que pensar é alegria. Se pensar lhe dá tristeza é porque você só sabe marchar, como soldados em ordem unida. Saltar sobre o vazio, pular
de pico em pico. Não ter medo da queda. Foi assim que se construiu a ciência: não pela prudência dos que marcham, mas pela ousadia dos que sonham. Todo conhecimento
começa com o sonho. O conhecimento nada mais é que a aventura pelo mar desconhecido, em busca da terra sonhada. Mas sonhar é coisa que não se ensina. Brota das profundezas do corpo, como a água brota das profundezas da terra. Como Mestre só posso então lhe dizer uma coisa: “Conte-me os seus sonhos, para que sonhemos juntos!”
Rubem Alves
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
AUTORRETRATO - VAN GOGH -
O Auto-Retrato
MARIO QUINTANA
No retrato que me faço
- traço a traço -
às vezes me pinto nuvem,
às vezes me pinto árvore...
às vezes me pinto coisas
de que nem há mais lembrança...
ou coisas que não existem
mas que um dia existirão...
e, desta lida, em que busco
- pouco a pouco -
minha eterna semelhança,
no final, que restará?
Um desenho de criança...
Terminado por um louco!
sábado, 3 de setembro de 2011
VITRAL-CATEDRAL DE NOTRE DAME - PARIS -
Sobre as Memórias
RUBEM ALVES
Memória é onde se guardam as coisas do passado.
Há dois tipos de memória: memórias sem vida própria e memórias com vida própria.
As memórias sem vida própria são inertes. Não têm vontade. Sua existência é semelhante à das ferramentas guardadas numa caixa. Não se mexem. Ficam imóveis nos seus lugares, à espera. À espera de que? À espera de que as chamemos. Ao chegar a um hotel a recepcionista nos entrega uma ficha para ser preenchida. Lá estão os espaços em branco onde deverei escrever meu nome, endereço, número da carteira de identidade, do CPF, número do telefone, e-mail. Abro a minha caixa de memórias sem vida própria e encontro as informações pedidas. Se desejo ir do meu apartamento à casa de um amigo eu pergunto: que ruas tomar para chegar lá? Abro a caixa de ferramentas e lá encontro um mapa do itinerário que devo seguir. É da caixa das memórias sem vida própria que se valem os alunos para responder às questões propostas pelo professor numa prova. Se a memória não estiver lá ele receberá uma nota má...
São essas as memórias que os neurologistas testam para ver se uma pessoa está sofrendo do mal de Alzheimer. O médico, como quem não quer nada, vai discretamente fazendo perguntas sobre a cidade onde se nasceu, o nome dos pais, onde moram os filhos. Se a pessoa não souber responder é porque sua caixa de memórias está vazia. Essas memórias são muito importantes. Sem elas não poderíamos nos virar na vida. Estaríamos sempre perdidos.
As memórias com vida própria, ao contrário, não ficam quietas dentro de uma caixa. São como pássaros em vôo. Vão para onde querem. E podemos chamá-las que elas não vêm. Só vêm quando querem. Moram em nós mas não nos pertencem. O seu aparecimento é sempre uma surpresa. É que nem suspeitávamos que estivessem vivas! A gente vai calmamente andando pela rua e, de repente, um cheiro de pão. E nos lembramos da mãe assando pães na cozinha... Viajando, olhando a paisagem com pensamento perdido, vemos um rio. E a alma começa a recitar “O Tejo é mais belo que o rio da minha aldeia. Mas o Tejo não é mais belo que o rio da minha aldeia. Porque o Tejo não é o rio da minha aldeia.” E nos lembramos então do riachinho em que brincávamos quando crianças.
Uma leitora enviou-me um e-mail em inglês. Desculpou-se. É egípcia. Vive no Brasil, entende bem o português mas tem dificuldades em se expressar. Disse-me que gostava das coisas que escrevo. Escreveu-me para dizer que uma palavra, uma única palavra que eu havia escrito a apunhalara. Numa crônica que eu escrevera para minhas netas, contando como era a vida na roça, disse que não havia eletricidade. Portanto não havia geladeiras. As comidas eram guardadas num armário de tela chamado “guarda-comida”. Essa foi a palavra que a apunhalou. Como é que uma palavra tão banal pode apunhalar? Não foi a palavra. Foi a lembrança. Ela já havia se esquecido de que essa palavra existia. Aí, quando ela a leu, um passado longínquo retornou. Ela se viu menina na cozinha de sua casa no Cairo. Lá havia um guarda-comida...
“Alma” é o nome do lugar onde se encontram esses pedaços perdidos de nós mesmos. São partes do nosso corpo como as pernas, os braços, o coração. Circulam em nosso sangue, estão misturadas com os nossos músculos. Quando elas aparecem o corpo se comove, ri, chora...
Para que servem elas? Para nada. Não são ferramentas. Não podem ser usadas. São inúteis. Elas aparecem por causa da saudade. A alma é movida à saudade. A alma não tem o menor interesse no futuro. A saudade é uma coisa que fica andando pelo tempo passado à procura dos pedaços de nós mesmos que se perderam.
Minha amiga querida Maria Antônia de Oliveira escreveu:
“A vida se retrata no tempo formando um vitral, de desenho sempre incompleto, de cores variadas, brilhantes, quando passa o sol. Pedradas ao acaso acontece de partir pedaços ficando buracos, irreversíveis. Os cacos se perdem por aí. Às vezes eu encontro cacos de vida que foram meus, que foram vivos. Examino-os atentamente tentando lembrar de que resto faziam parte. Já achei caco pequeno e amarelinho que ressuscitou de mentira, um velho amigo. Achei outro pontudo e azul, que trouxe em nuvens um beijo antigo. Houve um caco vermelho que muito me fez chorar, sem que eu lembrasse de onde me pertencera." (Ceriguela, p.14)
É com esses cacos de memória, pedaços de nós mesmos, que se escrevem romances, estórias infantis, poesia, lendas, mitos religiosos, utopias. Nietzsche dizia que só amava os livros escritos com essas memórias, escritos com sangue. E Guimarães Rosa dizia a seus leitores que, para se ser escritor é preciso conhecer a alquimia do sangue do coração humano. Ler um livro escrito com sangue é participar de um ritual antropofágico. É uma celebração eucarística.
Quando eu contava uma estória para minha filha pequena ela me perguntava: “Papai, essa estória aconteceu mesmo?” Traduzindo em linguagem de adulto: essas memórias são memórias de coisas que aconteceram ou são invenções? Eu ficava quieto, sem saber o que dizer. A explicação seria: “Não aconteceu nunca para que aconteça sempre...” O corpo se alimenta do que não existe. Temos saudade do que nunca aconteceu.
É muito fácil contar o passado usando as memórias sem vida própria. É só coletar os fatos e organizá-los numa ordem temporal e espacial. É assim que se escreve a “história”.
Mas é muito difícil contar as memórias com vida própria. Mia Couto, escritor angolano, sabe disso. Eis o que escreveu: “O que Dona Luarmina me solicita são exactas memórias. E isso é o que eu menos quero. Não é que me faltem lembranças. Estão é espalhadas em toda a minha substância. Meu corpo foi-se tornando um cemitério de tempo, parece um desses bosques sagrados onde enterramos nossos mortos.”
As coisas se complicam quando é um velho contando estórias da sua infância. A saudade mistura tudo. A saudade não conhece o tempo. Não sabe o que é antes e nem depois. Tudo é presente. “A lembrança pura não tem data. Tem uma estação. Que sol ou que vento fazia nesse dia memorável? O devaneio não conta histórias...”
( Bachelard )
Aí vem a confusão. O escritor duvida de suas lembranças e pergunta como a Adélia Prado: “Houve esta vida ou inventei?” Se a Adélia dirigisse a mim a sua pergunta acerca das coisas que eu conto eu responderia. “Se essa vida não houve, quando a escrevo fica havendo...
RUBEM ALVES
quinta-feira, 1 de setembro de 2011
DICA DO GOOGLE - TARSILA DO AMARAL -
TARSILA DO AMARAL
Biografia
Na adolescência, Tarsila estudou no Colégio Sion, localizado na cidade de São Paulo, porém, completou os estudos numa escola de Barcelona (Espanha).
Desde jovem, Tarsila demonstrou muito interesse pelas artes plásticas. Aos 16 anos, pintou seu primeiro quadro, intitulado Sagrado Coração de Jesus.
Em 1906, casou-se pela primeira vez com André Teixeira Pinto e com ele teve sua única filha, Dulce. Após se separar, começa a estudar escultura.
Somente aos 31 anos começou a aprender as técnicas de pintura com Pedro Alexandrino Borges (pintor, professor e decorador).
Em 1920, foi estudar na Academia Julian (escola particular de artes plásticas) na cidade de Paris. Em 1922, participou do Salão Oficial dos Artistas da França, utilizando em suas obras as técnicas do cubismo.
Retornou para o Brasil em 1922, formando o "Grupo dos Cinco", junto com Anita Malfatti, Mario de Andrade, Oswald de Andrade e Menotti Del Picchia. Este grupo foi o mais importante da Semana de Arte Moderna de 1922.
Em 1923, retornou para a Europa e teve contatos com vários artistas e escritores ligados ao movimento modernista europeu. Entre as décadas de 1920 e 1930, pintou suas obras de maior importância e que fizeram grande sucesso no mundo das artes. Entre as obras desta fase, podemos citar as mais conhecidas: Abaporu (1928) e Operários (1933).
No final da década de 1920, Tarsila criou os movimentos Pau-Brasil e Antropofágico. Entre as propostas desta fase, Tarsila defendia que os artistas brasileiros deveriam conhecer bem a arte européia, porém deveriam criar uma estética brasileira, apenas inspirada nos movimentos europeus.
No ano de 1926, Tarsila casou-se com Oswald de Andrade, separando-se em 1930.
Entre os anos de 1936 e 1952, Tarsila trabalhou como colunista nos Diários Associados (grupo de mídia que envolvia jornais, rádios, revistas).
Tarsila do Amaral faleceu na cidade de São Paulo em 17 de janeiro de 1973. A grandiosidade e importância de seu conjunto artístico a tornou uma das grandes figuras artísticas brasileiras de todos os tempos.
Características de suas obras
- Uso de cores vivas
- Influência do cubismo (uso de formas geométricas)
- Abordagem de temas sociais, cotidianos e paisagens do Brasil
- Estética fora do padrão (influência do surrealismo na fase antropofágica)
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