terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
MAIS FILÓ.....
Lições de humildade com Sócrates
Aprenda uma lição de humildade com Sócrates, o pensador que tinha consciência de sua própria ignorância
José Francisco Botelho
Conteúdo do site:MDEMULHER E REVISTA VIDA SIMPLES.
Sócrates é um dos melhores exemplos de humildade. É dele o famoso bordão: "Só sei que nada sei"
A trajetória de Sócrates é um cruzada contra a falsa sabedoria. Sempre amigável, o filósofo demonstrava o quanto ainda sabemos tão pouco dos mistérios da vida. Como Buda e Cristo, que não deixaram escritos, Sócrates é conhecido hoje pelos escritos de seus discípulos. Grande parte do que sabemos sobre ele está contido na obra de Platão - nos textos conhecidos como Diálogos, retrato das incansáveis discussões filosóficas entabuladas pelo mestre. Para compreendê-las, é preciso conhecer o mundo em que Sócrates viveu e filosofou - a Grécia do século 5 a.C.
O sistema de governo dos atenienses, a democracia, estava vigente desde o século 6 a.C. A cada mês, os cidadãos com mais de 30 anos se reuniam em uma grande Assembleia para debater leis e escolher magistrados. Cada um tinha o direito de defender suas ideias em discursos públicos. Por isso, a arte de falar bem - para convencer ou para dissuadir - se tornou uma das ocupações favoritas do povo de Atenas.
A arte do diálogo
É nesse contexto que surgem os sofistas - trupe de intelectuais itinerantes que, em troca de remunerações graúdas, ensinavam a retórica aos jovens com ambições políticas. Até então, a filosofia grega se ocupava principalmente de assuntos cosmológicos, como a natureza dos astros e a origem do universo. Os sofistas mudaram essa equação: para eles, o objeto da reflexão filosófica era o próprio homem. Outra grande inovação introduzida por eles foi o uso do diálogo como método de reflexão e persuasão. Eles preferiam exibir suas habilidades lógicas em debates cara a cara, em que dois ou mais interlocutores se digladiavam na defesa de ideias opostas.
Antes de se tornar célebre como filósofo, Sócrates já era famoso como o maior esquisitão de Atenas. Sua principal ocupação era sondar a alma humana, e pouco tempo lhe restava para questões rotineiras, como ganhar a vida. Costumava andar pelas ruas de Atenas com roupas puídas e sempre perdido em reflexões.
Com o tempo, Sócrates compreendeu que o excesso de truques retóricos dos sofistas servia para ornamentar mentes vazias, e decidiu que caberia a ele fustigar a soberba de seus contemporâneos.
Saber e não saber
E, assim, ele chegou à conclusão que mudaria a história do pensamento: a de que o verdadeiro sábio é aquele que tem consciência da própria ignorância. A partir daí, Sócrates começou uma cruzada pessoal contra a falsa sabedoria humana. Em suas próprias palavras, ele se tornou um "vagabundo loquaz" - movido pelo célebre bordão que o legou à posteridade: "Só sei que nada sei".
Ele geralmente começava seus debates com perguntas diretas sobre temas elementares: "O que é o Amor?" "O que é a Virtude?" "O que é a Mentira?" Em seguida, destrinchava as respostas que lhe eram dadas, questionando o significado de cada palavra. Assim, o pensador demonstrava uma verdade que até hoje continua universal: na maior parte do tempo, a grande maioria das pessoas não sabe do que está falando.
Para muitos ouvintes, o efeito do diálogo socrático era a catarse - uma experiência de purificação espiritual em que as portas do autoconhecimento se escancaram.
Mas tamanha independência de espírito pode ser algo arriscado - tanto na Antiguidade quanto hoje em dia. Em 399 a.C., seus desafetos conseguiram levar Sócrates a julgamento. Condenado com a pena de morte, ele retrucou: "Ninguém sabe o que é a morte. Talvez seja, para o homem, o maior dos bens. Mas todos fogem dela como se fosse o maior dos males. Haverá ignorância maior do que essa - a de pensar saber-se o que não se sabe?"
O "vagabundo loquaz"foi a primeira figura célebre na história do pensamento a morrer por suas ideias. Sua modéstia, numa época de vaidade intelectual, é um aviso aos navegantes: por mais poder que uma civilização tenha, o fato é que, no fundo, continuamos todos humanamente estúpidos. Pensar por si mesmo e a si mesmo num diálogo com o outro: eis a lição aparentemente simples, mas hoje tão esquecida, legada por uma das figuras mais intrigantes na história da humanidade.
LIVRO
O Julgamento de Sócrates, I.F. Stone, Companhia de Bolso Apologia de Sócrates, Platão, L&PM Pocket.
FILOSOFIA
As ideias e as formas de Platão
Conheça as ideias de Platão, o filósofo que marcaria para sempre nossa forma de enxergar o mundo
José Francisco Botelho
Platão
O elo central do grande pensamento grego, entre Sócrates e Aristóteles
Discípulo de Sócrates, mestre de Aristóteles, Platão é o elo central do pensamento grego - o eixo que articula um dos períodos mais intensos e produtivos na história da mente humana. É graças às obras de Platão que conhecemos as ideias de Sócrates; e foi com base nas teorias platônicas (e muitas vezes para contrariá-las ou corrigi-las) que Aristóteles elaborou grande parte de sua filosofia.
Um aristocrata do espírito
Com cerca de 16 anos, o belo e belicoso Arístocles deparou, nas ruas da cidade, com um sujeito esfarrapado como um mendigo, mas dono de uma sabedoria hipnótica. Sempre cercado de ávidos ouvintes, aquela espécie de eremita tagarela - que respondia pelo nome de Sócrates - entregava-se diariamente a debates públicos, questionando seus interlocutores sobre o real significado de palavras aparentemente comuns - como Amor, Justiça, Verdade.
Durante os 12 anos seguintes, Platão foi o discípulo mais fervoroso de Sócrates - até a morte do mestre, em 399 a.C.. Amargurado com a perda, Platão partiu em uma viagem de 12 anos pelo mundo. Perambulou pela Grécia e pela atual Turquia, visitou o Egito e a Itália, e talvez tenha andado pela Judeia e pela Babilônia. Bebeu na fonte de diversas culturas e retornou a Atenas aos 40 anos de idade, decidido a continuar a missão filosófica de seu professor. Para isso, fundou a Academia, uma escola gratuita de filosofia e matemática, considerada por muitos como a primeira universidade da história. Até sua morte, em 347 a.C., ele viveu debatendo com seus discípulos e compondo suas obras os Diálogos, textos em que as mais variadas questões filosóficas são apresentadas na forma de debates entre personagens famosos da antiga Atenas.
Uma grande teoria
A grande teoria platônica da "doutrina das Ideias" é uma espécie de síntese magistral do pensamento antigo. Como podemos afirmar qualquer coisa sobre um determinado objeto, se a constante mudança do universo é mais rápida que nossa mente? Eis a charada que a doutrina platônica tenta resolver: o mundo revelado pelos sentidos parece inapreensível, mas precisamos de um fundamento sólido, eterno e universal, para erigirmos o conhecimento seguro (em grego, epistême).
Platão bifurcou a realidade. Todas as coisas que conhecemos por meio dos sentidos são cópias da "verdadeira realidade", que é incorpórea, imutável e eterna: as Ideias ou Formas. De um lado, portanto, há o mundo sensível - que é efêmero, enganoso e impermeável ao conhecimento. Do outro lado, há o mundo inteligível - cuja contemplação é a chave da verdadeira sabedoria.
O mito, enfim
Foi no Livro VII da República que Platão elaborou a alegoria mais célebre da literatura. Na República, Sócrates diz a um discípulo chamado Gláucon: "Imagina uma grande cova subterrânea, provida de uma grande entrada para a luz; e imagina um grupo de homens, presos desde meninos no interior da caverna, amarrados pelos pés, pelas mãos e pelo pescoço; não podem virar a cabeça, e são obrigados a olhar constantemente para o fundo da cova". Incapazes de observar o mundo lá fora, os prisioneiros da caverna veem apenas as sombras que se desenham na parede de pedra - e, acostumados com a própria cegueira, tomam aquelas sombras pela realidade. "Que estranha situação, e que estranhos prisioneiros!", exclama Gláucon. Sócrates replica: "Estranhos como nós mesmos".
Eventualmente, um dos prisioneiros consegue escapar aos grilhões e sair à luz do sol. Inicialmente ofuscado, ele pouco a pouco se acostuma à visão das coisas como elas realmente são. Caso permaneça lá em cima, esquecendo para sempre sua anterior existência de escuridão, ele se tornará um místico; caso retorne às profundezas, para tentar libertar seus irmãos da cegueira existencial, ele se tornará um filósofo. E correrá o risco de ser tomado por tolo ou subversivo: pois a reação natural dos prisioneiros é acreditar que apenas as sombras existem; e o homem que viu a luz, desacostumado às trevas, chegará até eles tropeçando como um inválido.
Platão deixa a questão em aberto, e eis aí uma contradição reveladora: modelo do pensador com aspirações sublimes e com sede pelo absoluto, Platão não nos deixou soluções, mas debates infinitos. Diz-nos ele à distância de séculos: este mundo, que tentamos inutilmente apreender com nossos sentidos e descrever com a linguagem, não é a realidade. E temos de admitir: talvez não seja, mesmo.
LIVROS
O Banquete, Platão, Difel
Um Café com Platão, Donald Moor, Arx
(DO SITE: MDEMULHER E REVISTA VIDA SIMPLES)
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
ANOITECER E POESIA
Roseana Murray
Criaturas de encantamento
habitam meus pensamentos.
O que podem os anjos,
de mãos azuis,
fazer por nós,
simples humanos?
O que podem,
com seu hálito de estrelas,
o céu nos olhos
e uma enorme compreensão
para com nossos corações fatigados?
Que um anjo durma
sempre ao meu lado
e faça com seu silêncio
o tecido dos meus sonhos.
Roseana Murray
domingo, 19 de fevereiro de 2012
CAMINHAR E POESIA
"Se eu puder caminhar observando a amplidão do horizonte...
Não terei pressa, andarei mesmo assim com passos largos...
Terei a minha frente o infinito e poderei construir minha passagem...
Se eu vejo a amplidão, me vejo sem limites...
Não existirá em meu trajeto obstáculos intransponíveis...
Mas preciso da amplidão como espelho...
Na verdade não quero o fim da caminhada, não quero um
objetivo a minha frente como uma marca de chegada...
Quero a trilha e dela sentir sede de conquista-la para todo o sempre...
Se levantar os olhos e ver esta amplidão...
Estarei trilhando... Passo a passo... Estarei a caminho...
E com um horizonte tão imenso a minha frente, não
terei retornos, não vou questionar o que passou...
Apenas irei...
Se eu olhar para o lado e você estiver lá...
Estarei sorrindo, e certa de que emoções vividas não são vãs...
Te oferecerei a minha mão e poderemos ir juntos...
Passo a passo...
Em frente, com o mundo todo se abrindo a cada movimento
e sem nunca querer chegar ao fim....
Você não é perfeito...
Não gosto de perfeição, mas o que existe em você, o que sinto...
O que "vejo" faz com que eu deseje olhar a amplidão,
e queira caminhar em sua direção..."
Autor Desconhecido
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
CORPO/POESIA
domingo, 12 de fevereiro de 2012
CORES E POESIA
-MARC CHAGALL-
BEM-AVENTURADOS
MÁRIO QUINTANA
Bem-aventurados os pintores escorrendo luz
Que se expressam em verde
Azul
Ocre
Cinza
Zarcão!
Bem-aventurados os músicos...
E os bailarinos
E os mímicos
E os matemáticos...
Cada qual na sua expressão!
Só o poeta é que tem de lidar com a ingrata linguagem alheia...
A impura linguagem dos homens!
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
MAR E POESIA
sábado, 4 de fevereiro de 2012
A NOITE E O MITO
VEJAM COMO CERTAS COISAS SÃO INTRÍNSICAMENTE LIGADAS:
O MITO DE NIX.
(EXTRAIDO DO LIVRO DE MARIO SÉGIO CORTELA: “NÃO ESPERE PELO EPITÁFIO...”)
NIX, (A NOITE), FILHA DE CAOS, E QUE, TAL COMO CONTEMPORÂNEAS E SOFISTICADAS FERRAMENTAS HOMICIDAS, O TEMPO TODO ATRAVESSA O CÉU, SOB UM LÚGUBRE MANTO E USANDO UM VEÍCULO VELOZ, ACOMPANHADA DAS QUERES, SUAS FILHAS (CUJO NOME SIGNIFICA DESTRUIR, DEVASTAR, ARRUINAR). NO ENTANTO, NIX NÃO GEROU SOMENTE AS QUERES; DELA VIERAM (...) DUAS OUTRAS IMPORTANTES PERSONIFICAÇÕES DIVINIZADAS: HIPNOS (O SONO) E SEU IRMÃO GÊMEO TÂNATOS (A MORTE), DUAS FACES DA MESMA REALIDADE.
HIPNOS, BONDOSO NA SUA CAPACIDADE DE NOS FAZER REPOUSAR, É PERIGOSO QUANDO DISTRAI, DESVIA A ATENÇÃO E, ESPECIALMENTE, QUANDO DISSIPA A CONSCIÊNCIA E FACILITA A INADVERTÊNCIA. NÃO SÃO POUCAS AS PESSOAS QUE FINGEM DORMITAR, OU AGUARDAM COCHILANTES, NA EXPECTATIVA DE QUE TUDO PASSE LOGO E SE POSSA VOLTAR À MEDICRIDADE EGOCÊNTRICA. TÂNATOS- NOME ORIUNDO DE RAIZ INDO-EUROPEIA QUE SIGNIFICA OCULTAR, ESCURECER OU “ATIRAR NA SOMBRA”- PODE REMETER DE IGUAL FORMA À IDEIA DE DESCANSO, QUIETUDE OU REMANSO; PORÉM, A FORÇA TANÁTICA PRIORITÁRIA É A DISSIPAÇÃO, A EXTINÇÃO, A CESSAÇÃO (...)... NIX, (A NOITE), DEU ORIGEM TAMBÉM A FILOTES (A TERNURA) E ONIRO (O SONHO).
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
PÉTALAS AO VENTO
Cecília Meireles
4o. Motivo da rosa
Não te aflijas com a pétala que voa:
também é ser, deixar de ser assim.
Rosas verá, só de cinzas franzida,
mortas, intactas pelo teu jardim.
Eu deixo aroma até nos meus espinhos
ao longe, o vento vai falando de mim.
E por perder-me é que vão me lembrando,
por desfolhar-me é que não tenho fim.
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