segunda-feira, 9 de abril de 2012
ARTE DE VIVER
A Arte de Viver
Osho
“Uma pessoa realmente rebelde é aquela que não está nem a favor nem contra a sociedade, é aquela que vive a sua vida de acordo com seu próprio entendimento. Se esse entendimento está contra ou a favor da sociedade, não importa, é irrelevante. Às vezes pode estar de acordo com a sociedade, às vezes pode não estar, mas este não é o ponto a ser considerado. Essa pessoa vive conforme a sua própria compreensão, conforme sua pequena luz. E não estou dizendo que com isso ela se torna muito egoísta. Não, essa pessoa é humilde. Sabe que sua luz é pequena, mas essa é toda a luz que possui. Ela não é inflexível, é muito humilde. Diz: ‘Posso estar errada, mas, por favor, permita-me estar errada de acordo comigo mesma.’
Esta é a única maneira de aprender. Cometer erros é a única maneira de aprender. Mover-se de acordo com a própria compreensão é a única maneira de crescer e tornar-se maduro. Se você estiver sempre procurando alguém que lhe diga o que fazer, obedecer ou desobedecer não fará muita diferença. Se estiver procurando por uma pessoa que lhe diga para decidir
a favor ou contra, nunca será capaz de saber o que é a vida. Ela tem que ser vivida e você terá que seguir a sua pequena luz.
Não é sempre que se tem certeza do que fazer. Se você está muito confuso, não se sinta mal com isso. Mas encontre uma maneira de sair da sua confusão. É muito fácil e barato ouvir os outros porque eles podem transmitir-lhe dogmas mortos, podem dar-lhe alguns mandamentos, faça isto, não faça aquilo. E eles estão muito certos dos seus mandamentos. Não é a certeza que deve ser buscada, mas sim a compreensão. Se você buscar a certeza, cairá em alguma armadilha. Não busque a certeza, busque a compreensão. A certeza, qualquer um pode dar-lhe. Mas na análise final você será um perdedor. Perderá sua vida só para estar seguro e certo. Mas a vida não é certa nem é segura.
Vida é insegurança. Cada momento é um mover-se para uma insegurança cada vez maior. É um jogo. Nunca se sabe o que vai acontecer. E é belo que não se saiba. Se fosse previsível não valeria a pena viver. Se tudo fosse como gostaríamos, se tivéssemos certeza de tudo, não seríamos absolutamente homens, seríamos máquinas. Somente para as máquinas tudo é certo e seguro.
O homem vive em liberdade. A liberdade necessita de insegurança e incerteza. Um verdadeiro homem de inteligência está sempre hesitante porque não tem nenhum dogma no qual se apoiar. Ele tem que olhar e responder *.
Lao Tzu diz: ‘Eu hesito e ando alerta na vida porque não sei o que vai acontecer. E não sigo nenhum princípio. Tenho que decidir a cada momento. Nunca decido de antemão. Tenho que decidir quando o momento chega.’
Então, é preciso estar pronto para responder. Isto é responsabilidade. Responsabilidade não é uma obrigação, não é um dever – é a capacidade de responder. Um homem que quer saber o que é a vida tem que ser responsivo. Este homem não está existindo. Séculos de condicionamento fizeram de você uma máquina. Você perdeu a humanidade, trocou-a pela segurança. Você tem segurança e conforto e tudo foi planejado pelos outros. E eles puseram tudo no mapa, mediram tudo. E tudo é absolutamente tolice, pois a vida não pode ser medida, é imensurável. E nenhum mapa é possível porque a vida é um fluxo constante. Tudo está mudando. Nada é permanente, exceto a mudança. Heráclito diz: ‘Não se pode pisar duas vezes no mesmo rio.’
E os caminhos da vida são tortuosos. Não são como os trilhos de uma estrada de ferro. Não, a vida não corre em trilhos. E essa é a sua beleza, a sua glória, a sua poesia, a sua música – é sempre uma surpresa.
Se você estiver buscando segurança e certeza, os seus olhos se fecharão. E cada vez você se surpreenderá menos, e perderá a capacidade de se maravilhar, terá perdido a religião. Religião é a abertura de um coração maravilhado, é a receptividade para o mistério que nos circunda.
Não busque segurança, não busque conselhos para viver a vida. As pessoas que me procuram e dizem, ‘Osho, como devemos viver nossas vidas?’, não estão interessadas em saber o que é a vida. Estão interessadas em estabelecer um padrão fixo. Estão mais interessadas em matar a vida do que em vivê-la. Querem que uma disciplina lhes seja imposta.
Existem, é claro, padres e políticos em todo o mundo, que estão prontos e sentados à sua espera. Procure-os e eles estarão preparados
para lhe impor suas disciplinas. Eles gostam do poder advindo da imposição de suas idéias sobre os outros.
Eu não estou aqui para isso. Estou aqui para ajudá-lo a tornar-se livre, inclusive de mim também. Quero ajudá-lo a livrar-se de mim. Meu sannyas é uma coisa muito paradoxal. Você se rende a mim para tornar-se livre. Eu o aceito e o inicio no sannyas para ajudá-lo a tornar-se absolutamente livre de todos os dogmas, de todas as escrituras, de todas as filosofias – e eu estou incluído nisto. O sannyas é tão paradoxal quanto a própria vida. E por isso é vivo.
Portanto, não pergunte a ninguém como viver a vida. A vida é tão preciosa! Viva-a. Não estou dizendo que você não cometerá erros; cometerá. Lembre-se apenas de uma coisa: não cometa o mesmo erro duas vezes. Só isso. Se puder encontrar um novo erro a cada dia, faça-o. Mas não repita erros, pois isso é uma tolice. Um homem que pode encontrar novos erros para cometer, cresce continuamente. Esta é a única maneira de aprender, é a única maneira de chegar à própria luz interior.”
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