quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

EROS


EROS E PSYCHE
BOUGERAUX


EROS E A NATUREZA/ O HUMANO E A ALMA.
O antigo deus grego Eros, em Roma chamado Cupido, é o deus do amor. Filho de Afrodite, a deusa da beleza, Eros é um menino alado, que porta consigo arco e flecha, com os quais atinge os corações dos humanos, fazendo-os despertar para o amor. E onde há Amor, não há erro...
Eros tem a capacidade de ampliar a potência e a energia de nossos sentidos, tornando-nos abertos para tudo o que nos rodeia, permeando todas as atitudes do nosso dia a dia.
Assim, o cheiro de uma comida bem feita, o perfume do jasmim, a vista no topo de uma montanha, ou uma paisagem marinha, o som de chuva branda no telhado, o canto de um sabiá, o sabor de um pêssego maduro, a suavidade que sentimos ao tocar com os dedos na seda, ou numa pétala de rosa, são eróticos, isso é, têm o toque de Eros.
Esse arquétipo serve de referência para nomear um estado de ânimo (alma, vida) especial, cheio de encanto e prazer. Ele habita aquilo que fazemos com paixão e capricho com os detalhes. E o poder de Eros vai além: ele aproxima os seres, atrai, une, sendo, portanto, responsável pela procriação. Vai mais longe: mistura, multiplica as espécies de vegetais, minerais, líquidos e animais. Enfim, de toda a criação. É o deus da união, da afinidade, da empatia, da agregação.
Eros gosta da Paz. Não tem pressa.
É gentil e cuidadoso, sensorial e atento.
Quer todo o universo numa só sintonia. Nenhum ser pode escapar de sua força. Eros é invencível. E pode nos levar ao êxtase. Ele traz prazer na contemplação, na união de opostos, faz aflorar nossos mais ricos sentimentos. Conduz à temperança e concórdia. Dizem que Eros é jovem e, portanto, flexível, maleável. Isso o permite moldar-se e penetrar em todos os corações e almas, para ali morar. Só não entra em corações demasiadamente endurecidos, em almas já empedernidas. Não chega onde a ansiedade e a distração habitam. Nada tem a ver com a vulgaridade e a banalização do amor. Não acha conforto no egocentrismo, na avareza, na vaidade, indiferença ou frieza. Eros demanda presença de corpo, mente e coração. Quer o ser uno, total. Sem divisões. Centrado, equilibrado, verdadeiro. Aguça a curiosidade, trazendo alegria ao aprendizado e a vontade de sempre saber e conhecer mais. Estudar também pode ser Erótico... Ler Erotiza... Sendo a origem do maior de todos os prazeres e fonte de toda criação (criação=Poiesis, em grego, daí a palavra poesia), Eros, que ama tudo aquilo que é Belo e Harmonioso, nos conduz às Musas, divindades das Artes, fontes de inspiração, alimento da imaginação e criatividade. Quando este arquétipo domina nossa alma, aí tem vida, aí há raízes e frutos, aí nasce a mais antiga e necessária ligação do ser: ligação com tudo aquilo que há de mais profundo e ancestral na Mãe Natureza: o ambiente sagrado propício para a geração de mais e mais vida.
Eros está presente: em nossos desejos, no imaginário, no amor e amizade, na ligação dos sentidos com o externo, no carinho e solidariedade, no prazer e na capacidade de enxergar a vida de diferentes ângulos. Na poesia do universo, captada por um sexto sentido proveniente dele próprio; assim como no lúdico e no lírico, em toda a natureza, nas trocas de afeto e no riso. Na tolerância, compreensão e compaixão; nos momentos de silêncio e paz interior. No “conhece-te a ti mesmo”... Na Alma Humana.
Eliana R. da Cunha Miranzi.
(baseado em artigo da revista “Bons Fluidos”).
Uberaba, abril/2008.

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