SOUL FOOD
como alimentar a alma? Que tipo de refeiçao? Sabemos que a alma vive de sensaçoes, dos sentidos. Olfato,tato,paladar,visao,audiçao. Tambem já ouvimos que a alma tem outros sentidos, os quais nem todos conhecem ou experimentam. Existe um alimento especial ,providenciado para a vida da alma, desde a criaçao: são os nossos sonhos. Sonhos são feitos para alimentar,nutrir, inspirar e guiar a alma em sua trajetoria humana. Saber coleta-los, ve-loS e ouvi-los 'e dar a alma o que lhe pertence,o que ela reconhece como sendo de sua natureza, sua linguagem original. Para isto sonhamos: para nos abastecermos de uma substancia original, visual, alquimica, nutritiva e inspiradora. E como DIGERIR, COMER SONHOS? O modo de comer os sonhos, saborea-los , na minha pratica como analista somatica e Junguiana tem sido desenvolvido ao longo de trinta anos, reunindo pesquisas, praticas e buscas. Associo metodologias que reconheço ao longo do tempo, terem um valor para o sonhador, agregando sentido e substancia a sua vida. Meu metodo de trabalho chama-se Sonhos e o Corpo, e envolve uma particiapçao ativa do sonhador na degustaçao do sonho. Praticamos este metodo em grupos, e compartilhamos os sonhos, dando a todos na roda, a oportunidade de degustar, mastigar, engolir e substancializar as imagens dos sonhos. Deste modo ceiamos sonhos, cuidando deles como substancias preciosas e capazes de sustentar a vida da alma, oferecendo inspiraçao, compreensao, visao e dando a todos a oportunidade de aprender a linguagem original da alma. Isto 'e SOUL FOOD. |
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
SOUL FOOD
sábado, 24 de novembro de 2012
JUNG E SONHOS
BEATRIZ MILHAZES-O SONHO DE JOSÉ
JUNG E OS SONHOS
Carl Jung não reduz os sonhos à
satisfação de desejos reprimidos no inconsciente pessoal, como o fez Freud. Ele
os toma como mensageiros de complexos. Segundo ele, anexo a nossa consciência
imediata existe um segundo sistema psíquico,
de natureza coletiva, universal e impessoal, que se revela idêntico em todos os
indivíduos. Povoando esse inconsciente coletivo há os arquétipos (imagens
primordiais ou símbolos, impressos na psique desde o começo dos tempos e, a
partir de então transmitidos à humanidade inteira).
A mãe, o pai, a criança, a anima, o animus, o herói, a sombra, com seus temas associados, são exemplos de tais arquétipos, representados mundialmente em mitos, histórias infantis e sonhos. As mensagens arquetípicas nos sonhos conferem uma forma definida a determinado conteúdo psíquico do inconsciente e quase sempre assumem imagens simbólicas.
A mãe, o pai, a criança, a anima, o animus, o herói, a sombra, com seus temas associados, são exemplos de tais arquétipos, representados mundialmente em mitos, histórias infantis e sonhos. As mensagens arquetípicas nos sonhos conferem uma forma definida a determinado conteúdo psíquico do inconsciente e quase sempre assumem imagens simbólicas.
A psique coletiva, que é uma seleção
de arquétipos de um povo numa dada época de sua história, molda a psique
individual (a personalidade de cada um de nós). Todavia, no fundo, a coletiva é
a exteriorização das individuais. Desse modo, a psique coletiva e a individual
existem numa relação dialética.
"Dentro
de cada um de nós há um outro que não conhecemos. Ele fala conosco por meio dos
sonhos."
(Carl
Jung)
Desde as mais remotas épocas, os
homens procuram entender as mensagens ou os significados desses fenômenos
intrigantes e misteriosos que são os sonhos. O que tem variado, ao longo do
tempo, é a importância
atribuída e a compreensão que se tem deles. Se os sonhos são vistos como série
de imagens que aparecem sem sentido para a personalidade do sonhador ou se são
encarados como mensagens do além, isso demonstra apenas diferentes
interpretações, as quais refletem o status ou a valorização dados a eles.
Uma das funções dos sonhos é,
justamente, contrabalançar a racionalidade do pensamento verbal com um
pensamento em imagens e símbolos. Sua lógica é afetiva, figurativa. Não é
linear, cartesiana, mas dramática, mitológica.
O sonho é importante por indicar inter-relações não sabidas, mas existentes. Mesmo que pareça fugaz, já que escapa à captação e a retenção na memória, ele mobiliza impressões profundas que não podem ser transmitidas verbalmente, mas que permeiam e deixam sua marca em nós. Aquilo que em uma primeira observação parece estranho, ilógico, pode, em um exame mais cuidadoso e meticuloso, revelar seu significado e importância no desenvolvimento normal e em seus distúrbios. |
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Nossa vida e nossa história se constroem nos dias em que estamos acordados e nas noites em que dormimos e sonhamos. A psique diurna, consciente, e a psique noturna, inconsciente, apesar de diferentes, se completam para o todo que somos. Por meio dos sonhos estabelecemos uma comunicação com esse lado noturno, em geral desconhecido, mas não menos vivo e atuante.
O exame cuidadoso de um sonho mostra
que sua configuração não é arbitrária. Sua linguagem é precisa em sua forma
pictórica, simbólica. Na medida em que vamos compreendendo essas
inter-relações, obtemos um vislumbre de sua coerência e lógica afetiva. Vamos
ampliando nossa consciência. Saímos do plano da lógica habitual para abertura
para as imagens, emoções, símbolos, enfim, para os aspectos não-racionais da
alma.
Os sonhos estão relacionados tanto à nossa saúde psíquica quanto física. Freqüentemente, afecções corporais parecem constituir a dramatização dos conflitos psíquicos, ou questões vitais se manifestam no corpo, por falta de outros meios de expressão. Corpo e psique estão interligados ou, como diz Jung : "A psique e a matéria são aspectos diferentes de um único todo".
Os sonhos estão relacionados tanto à nossa saúde psíquica quanto física. Freqüentemente, afecções corporais parecem constituir a dramatização dos conflitos psíquicos, ou questões vitais se manifestam no corpo, por falta de outros meios de expressão. Corpo e psique estão interligados ou, como diz Jung : "A psique e a matéria são aspectos diferentes de um único todo".
Como expressão simbólica do
processo vital, o sonho tem implicações profundas e elevadas, para o físico e
para o espiritual, para o corpo e para a psique. Ele pode ser um aliado
valioso para a compreensão dessas interligações. Pode nos fornecer o mapa
para a compreensão simbólica de sintomas psicossomáticos e, por vezes, de sua
resolução. Pode constituir, assim, uma chave preciosa para nosso
autoconhecimento e bem-estar.
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terça-feira, 20 de novembro de 2012
OUVIR COM ALMA
TRECHO DE RUBEM ALVES,SUGESTÃO DE LETÍCIA CARNEIRO.
O que as pessoas mais desejam é alguém que as escute de maneira calma e tranquila. Em silêncio. Sem dar conselhos. Sem que digam: “Se eu fosse você…” A gente ama não é a pessoa que fala bonito. E a pessoa que escuta bonito. A fala só é bonita quando ela nasce de uma longa e silenciosa escuta. É na escuta que o amor começa. E é na não-escuta que ele termina.
Não aprendi isso nos livros. Aprendi prestando atenção. Todos reunidos alegremente no restaurante: pai, mãe, filhos, falatório alegre. Na cabeceira, a avó, com sua cabeça branca. Silenciosa. Como se não existisse. Não é por não ter o que dizer que não falava. Não falava por não ter quem quisesse ouvir. O silêncio dos velhos. No tempo de Freud as pessoas procuravam os terapeutas para se curarem da dor das repressões sexuais. Aprendi que hoje as pessoas procuram os terapeutas por causa da dor de não haver quem as escute. Não pedem para ser curadas de alguma doença. Pedem para ser escutadas. Querem a cura para a dor da solidão. (…)”
~ Rubem Alves, em “Se Eu Fosse Você” (do livro “O Amor Que Ascende a Lua”)
terça-feira, 13 de novembro de 2012
DE ALMA SELVAGEM-BICHO PRIMITIVO.
ESTA LETRA DE MÚSICA TOCA MINHA ALMA.
LEIAM E DEPOIS OUÇAM A MÚSICA.É TERAPÊUTICO.
Quem Saberia Perder
Desde pequeno eu estou por aqui
Na mesma vida que sempre aprendi
Bicho de rio e de mato
Peixe criado em lagoa
Voa tristeza, voa vento, voa tempo voa
Na mesma vida que sempre aprendi
Bicho de rio e de mato
Peixe criado em lagoa
Voa tristeza, voa vento, voa tempo voa
O cavaleiro na estrada sem fim
O contador de uma historia de mim
Vivo do que faz meu braço
Meu braço faz o que a terra manda
Voa tristeza, voa vento, voa tempo voa
O contador de uma historia de mim
Vivo do que faz meu braço
Meu braço faz o que a terra manda
Voa tristeza, voa vento, voa tempo voa
Mas qual de nós não carrega no peito
Um segredo de amor escondido
Diga quem nunca levanta de noite
Querendo de volta o perdido
Um segredo de amor escondido
Diga quem nunca levanta de noite
Querendo de volta o perdido
Oooô ooô
Quem saberia perder
Oooô ooô
Quem saberia perder
Quem saberia perder
Oooô ooô
Quem saberia perder
O cavaleiro na estrada sem fim
O contador de uma historia de mim
Vivo do que faz meu braço
Meu braço faz o que a terra manda
Voa tristeza, voa vento, voa tempo voa
O contador de uma historia de mim
Vivo do que faz meu braço
Meu braço faz o que a terra manda
Voa tristeza, voa vento, voa tempo voa
Mas qual de nós não carrega no peito
Um segredo de amor escondido
Diga quem nunca levanta de noite
Querendo de volta o perdido
Um segredo de amor escondido
Diga quem nunca levanta de noite
Querendo de volta o perdido
Oooô ooô
Quem saberia perder
Oooô ooô
Quem saberia perder
Quem saberia perder
Oooô ooô
Quem saberia perder
sábado, 10 de novembro de 2012
MEDO E ALMA
Murar o
medo –
Mia
Couto
O medo
foi um dos meus primeiros mestres. Antes de ganhar confiança em celestiais
criaturas, aprendi a temer monstros, fantasmas e demónios. Os anjos, quando
chegaram, já era para me guardarem, servindo como agentes da segurança privada
das almas. Nem sempre os que me protegiam sabiam da diferença entre sentimento
e realidade. Isso acontecia, por exemplo, quando me ensinavam a recear os
desconhecidos. Na realidade, a maior parte da violência contra as crianças
sempre foi praticada não por estranhos, mas por parentes e conhecidos. Os
fantasmas que serviam na minha infância reproduziam esse velho engano de que
estamos mais seguros em ambientes que reconhecemos. Os meus anjos da guarda
tinham a ingenuidade de acreditar que eu estaria mais protegido apenas por não
me aventurar para além da fronteira da minha língua, da minha cultura, do meu
território.
O medo
foi, afinal, o mestre que mais me fez desaprender. Quando deixei a minha casa
natal, uma invisível mão roubava-me a coragem de viver e a audácia de ser eu
mesmo. No horizonte vislumbravam-se mais muros do que estradas. Nessa altura,
algo me sugeria o seguinte: que há neste mundo mais medo de coisas más do que
coisas más propriamente ditas.
No
Moçambique colonial em que nasci e cresci, a narrativa do medo tinha um
invejávelcasting internacional: os chineses que comiam crianças, os chamados
terroristas que lutavam pela independência do país, e um ateu barbudo com um
nome alemão. Esses fantasmas tiveram o fim de todos os fantasmas: morreram
quando morreu o medo. Os chineses abriram restaurantes junto à nossa porta, os
ditos terroristas são governantes respeitáveis e Karl Marx, o ateu barbudo, é
um simpático avô que não deixou descendência.
O preço
dessa construção [narrativa] de terror foi, no entanto, trágico para o
continente africano. Em nome da luta contra o comunismo cometeram-se as mais
indizíveis barbaridades. Em nome da segurança mundial foram colocados e
conservados no Poder alguns dos ditadores mais sanguinários de que há memória.
A mais grave herança dessa longa intervenção externa é a facilidade com que as
elites africanas continuam a culpar os outros pelos seus próprios fracassos.
A
Guerra-Fria esfriou mas o maniqueísmo que a sustinha não desarmou, inventando
rapidamente outras geografias do medo, a Oriente e a Ocidente. E porque se
trata de novas entidades demoníacas não bastam os seculares meios de
governação… Precisamos de intervenção com legitimidade divina… O que era ideologia
passou a ser crença, o que era política tornou-se religião, o que era religião
passou a ser estratégia de poder.
Para
fabricar armas é preciso fabricar inimigos. Para produzir inimigos é imperioso
sustentar fantasmas. A manutenção desse alvoroço requer um dispendioso aparato
e um batalhão de especialistas que, em segredo, tomam decisões em nosso nome.
Eis o que nos dizem: para superarmos as ameaças domésticas precisamos de mais
polícia, mais prisões, mais segurança privada e menos privacidade. Para
enfrentar as ameaças globais precisamos de mais exércitos, mais serviços
secretos e a suspensão temporária da nossa cidadania. Todos sabemos que o
caminho verdadeiro tem que ser outro. Todos sabemos que esse outro caminho
começaria pelo desejo de conhecermos melhor esses que, de um e do outro lado,
aprendemos a chamar de “eles”.
Aos
adversários políticos e militares, juntam-se agora o clima, a demografia e as
epidemias. O sentimento que se criou é o seguinte: a realidade é perigosa, a
natureza é traiçoeira e a humanidade é imprevisível. Vivemos – como cidadãos e
como espécie – em permanente situação de emergência. Como em qualquer estado de
sítio, as liberdades individuais devem ser contidas, a privacidade pode ser
invadida e a racionalidade deve ser suspensa.
Todas
estas restrições servem para que não sejam feitas perguntas [incomodas] como,
por exemplo, estas: porque motivo a crise financeira não atingiu a indústria de
armamento? Porque motivo se gastou, apenas o ano passado, um trilião e meio de
dólares com armamento militar? Porque razão os que hoje tentam proteger os
civis na Líbia são exatamente os que mais armas venderam ao regime do coronel
Kadaffi? Porque motivo se realizam mais seminários sobre segurança do que sobre
justiça?
Se
queremos resolver (e não apenas discutir) a segurança mundial – teremos que
enfrentar ameaças bem reais e urgentes. Há uma arma de destruição massiva que
está sendo usada todos os dias, em todo o mundo, sem que sejam precisos
pretextos de guerra. Essa arma chama-se fome. Em pleno século 21, um em cada
seis seres humanos passa fome. O custo para superar a fome mundial seria uma
fracção muito pequena do que se gasta em armamento. A fome será, sem dúvida, a
maior causa de insegurança do nosso tempo.
Mencionarei
ainda outra silenciada violência: em todo o mundo, uma em cada três mulheres
foi ou será vítima de violência física ou sexual durante o seu tempo de vida… A
verdade é que… pesa uma condenação antecipada pelo simples facto de serem
mulheres.
A nossa
indignação, porém, é bem menor que o medo. Sem darmos conta, fomos convertidos
em soldados de um exército sem nome, e como militares sem farda deixamos de
questionar. Deixamos de fazer perguntas e de discutir razões. As questões de
ética são esquecidas porque está provada a barbaridade dos outros. E porque
estamos em guerra, não temos que fazer prova de coerência nem de ética nem de
legalidade.
É
sintomático que a única construção humana que pode ser vista do espaço seja uma
muralha. A chamada Grande Muralha foi erguida para proteger a China das guerras
e das invasões. A Muralha não evitou conflitos nem parou os invasores.
Possivelmente, morreram mais chineses construindo a Muralha do que vítimas das
invasões do Norte. Diz-se que alguns dos trabalhadores que morreram foram
emparedados na sua própria construção. Esses corpos convertidos em muro e pedra
são uma metáfora de quanto o medo nos pode aprisionar.
Há muros
que separam nações, há muros que dividem pobres e ricos. Mas não há hoje no
mundo muro que separe os que têm medo dos que não têm medo. Sob as mesmas
nuvens cinzentas vivemos todos nós, do sul e do norte, do ocidente e do
oriente… Citarei Eduardo Galeano acerca disso que é o medo global:
“Os que
trabalham têm medo de perder o trabalho. Os que não trabalham têm medo de nunca
encontrar trabalho. Quem não têm medo da fome, têm medo da comida. Os civis têm
medo dos militares, os militares têm medo da falta de armas, as armas têm medo
da falta de guerras.”
E, se
calhar, acrescento agora eu, há quem tenha medo que o medo acabe.
Mia Couto
terça-feira, 6 de novembro de 2012
IDENTIDADE E MÚSICA
Cantando sua música
“Quando uma mulher de uma certa tribo africana sabe que está grávida, ela vai para floresta com alguns amigos e juntos eles rezam e meditam até que ouvem a música da criança. Eles acreditam que cada alma tem sua própria vibração que expressa sua essência e propósito únicos. Quando a mulher sintoniza com a música, eles a cantam em voz alta. Depois eles voltam para a tribo e ensinam a música para todos.
Quando a criança nasce, a comunidade se reúne e canta a música da criança para ela em voz alta. Mais tarde, quando a criança começa a estudar, o vilarejo se reúne e canta a música novamente. Quando a criança passa pela iniciação para a adultidade, as pessoas outra vez se reúnem e cantam. Quando se casa a pessoa ouve novamente sua música. Finalmente, quando a alma esta prestes a ir embora deste mundo, a família e amigos se reúnem ao seu redor, assim como fizeram em seu nascimento, e “cantam” a pessoa para a próxima vida.
Nesta tribo africana há uma outra ocasião na qual a comunidade canta para a criança. Se em algum momento de sua vida a pessoa comete um crime ou um ato aberrante, ela é chamada ao centro da vila e as pessoas da comunidade formam um círculo ao redor dela. A tribo reconhece que a correção para um comportamento anti social não é a punição; é o amor e a rememoração da própria identidade. Quando você reconhece sua própria música, você não tem desejo ou necessidade de fazer nada que machucaria outra pessoa.
Um amigo é alguém que conhece a sua música e a canta para você quando você a esquece. Aqueles que te amam não se deixam enganar pelos erros que você comete ou imagens obscuras que você possa ter contra você mesmo. Eles se lembram da sua beleza quando você se sente feio; sua integridade quando você se sente quebrado; sua inocência quando você se sente culpado; e seu propósito quando você está confuso”.
Tolba Phanem
(Poetisa Africana)
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