sexta-feira, 29 de março de 2013

O AMOR MAIOR


AMOR MAIOR
ELIANA MIRANZI

O AMOR DESFAZ CAMINHOS,

CRIA DESTINOS E SINAS.

É A VAZANTE ASSIM COMO  ENCHENTE

DE UM MESMO RIO.

É GOLPE, ENTREGA, SONHO,

MORTE E VIDA.

É O QUE JÁ FOI

E O QUE NUNCA SERÁ.

É O TUDO OU O NADA.

ESTÁ DENTRO E TAMBÉM FORA.

LUZ E SOMBRA.

ARCO-ÍRIS.

LUA CHEIA.

SOL E MAR.

CANTO E DANÇA.

ASA E VÔO.

 

 

sexta-feira, 15 de março de 2013

NA COMPANHIA DE TOM JOBIM



TOM, CADÊ VOCÊ?

NA QUIETUDE DO SÁBADO SE ACABANDO, NO SILÊNCIO DO EU-COMIGO, SÓ TENHO A CHUVA POR MELODIA OU TRILHA SONORA DE FUNDO.
SINTO-ME EM PAZ. ESTOU BEM.
CHUVA FERTILIZA. SAIO PARA A VARANDA.
E VEJO O QUE JOBIM, O TOM, VIU:CHUVA NA ROSEIRA...
IMPOSSÍVEL PASSAR SEM UMA CANTADINHA:"OLHA, ESTÁ CHOVENDO NA
ROSEIRA....". É BOM.
DAÍ, ASSIM DO NADA,UM PASSARINHO SEM NOÇÃO PASSA CRUZANDO COMO
UM LOUCO PELA VARANDA...POUSA NO BEIRAL DO TELHADO,CANTA UMA ÚNICA VEZ E VÔA.COMO SE NÃO BASTASSE SER MARÇO, CHUVA QUE FECHA O VERÃO....
O RECADO FOI DADO..
VAI AQUI A LETRA DA MÚSICA/POESIA DO NOSSO " BRASILEIRO".


Chovendo na Roseira

TOM JOBIM

Olha está chovendo na roseira
Que só dá rosa mas não cheira
A frescura das gotas úmidas
Que é de Luisa
Que é de Paulinho
Que é de João
Que é de ninguém

Pétalas de rosa carregadas pelo vento
Um amor tão puro carregou meu pensamento

Olha um tico-tico mora ao lado
E passeando no molhado
Adivinhou a primavera

Olha que chuva boa prazenteira
Que vem molhar minha roseira
Chuva boa criadeira
Que molha a terra
Que enche o rio
Que limpa o céu
Que trás o azul

Olha o jasmineiro está florido
E o riachinho de água esperta
Se lança em vasto rio de águas calmas

Ah, você é de ninguém
Ah, você é de ninguém

 

sábado, 9 de março de 2013

SARAMAGO E O FEMININO

 
(COPIADO DE UM BLOG SOBRE SARAMAGO-"CADERNOS DE SARAMAGO", NO RODAPÉ DIZ:FUNDAÇÃO SARAMAGO-)
 
Sexta-feira, 8 de Março de 2013
 
Com elas o caos não se teria instalado no mundo
Acabo de ver nos noticiários da televisão manifestações de mulheres em todo o mundo e pergunto-me uma vez mais que desgraçado planeta é este em que ainda metade da população tem que sair à rua para reivindicar o que para todos já deveria ser óbvio...
Chegam-me informações oficiais de solenes insituições que dizem que pelo mesmo trabalho a mulher cobra dezasseis por cento menos, e seguramente esta cifra está falseada para evitar a vergonha de uma diferença ainda maior. Dizem que os conselhos de administração funcionam melhor quando são compostos por mulheres, mas os governos não se atrevem a recomendar que quarenta por cento, já não digamos cinquenta, sejam compostos por mulheres, ainda que, quando chega o colapso, como na Islândia, chamem mulheres para dirigir a vida pública e a banca. Dizem que para evitar a corrupção na organização do trânsito em Lima vão colocar guardas mulheres, porque se comprovou que nem se deixam subornar nem pedem coimas. Sabemos que a sociedade não funcionaria sem o trabalho das mulheres, e que sem a conversação das mulheres, como escrevi há algum tempo, o planeta sairia da sua órbita, nem a casa nem quem nelas habita teriam a qualidade humana que as mulheres colocam, enquanto os homens passam sem ver, ou, vendo, não se dão conta de que isto é coisa de dois e que o modelo masculino já não serve. Continuo vendo manifestações de mulheres na rua. Elas sabem o que querem, isto é, não ser humilhadas, coisificadas, desprezadas, assassinadas. Querem ser avaliadas pelo seu trabalho e não pelo acidental de cada dia.
Dizem que as minhas melhores personagens são mulheres e creio que têm razão. Às vezes penso que as mulheres que descrevi são propostas que eu mesmo quereria seguir. Talvez sejam só exemplos, talvez não existam, mas de uma coisa estou seguro: com elas o caos não se teria instalado neste mundo porque sempre conheceram a dimensão do humano.

José Saramago, O Caderno I, 8 de março de 2009




publicado por Fundação Saramago às 11:24