sexta-feira, 29 de outubro de 2010



Clarice 23/10/2010
CRISTIANA MUSA
Como é confortante saber que Clarice se angustia. Ou melhor, como é confortante saber que eu me angustio. Clarice, é óbvio. Estranho seria pensar que uma alma tão rica e profunda, pudesse passar pela vida sem entrar em contato com esse aperto sufocante que dá no meio e no fundo do peito.
Sei exatamente, ou pelos menos penso que sei. Deixem-me pensar que sei o que Clarice sentia. Parece mais fácil pra mim, conhecer seus sentimentos do que entender suas palavras.
Ela escrevia para sobreviver. Isso eu também entendo.
Escrevo para tentar acessar essa entidade interior a qual eu respeito e temo com a mesma intensidade. E com a qual luto tentando desvendá-la, às vezes deixando-a livre para se manifestar de acordo com a sua necessidade, ou muitas vezes bloqueando a sua passagem pelo simples fato de não ter a mínima idéia do que dizer. Ou melhor, do que sinto.
Porque dizer é fácil.
Mas sentir... Ah! O sentir... O não mental, o visceral, esse é involuntário.
É desconhecido, é assustador!
Libertador também, quando se tem coragem de desligar os “botões neurais” para ouvir o silêncio ensurdecedor da alma.
Obrigada Clarice, por ter- me proporcionado, essa noite, visitar a minha.
(Escrito e sentido após assistir a peça: “Simplesmente Eu”, sobre Clarice Lispector.)

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