segunda-feira, 29 de novembro de 2010

NATAL E PAZ


(ADRIANA VAREJÃO)


NATAL E PAZ

Eliana R. da Cunha Miranzi


Há nos presépios, a conhecida frase: “Glória a Deus nas Alturas e Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade”. Cântico dos Anjos...
Pois bem, vamos pensar sobre isso.
Dar Glórias a Deus, para os que crêem é tarefa fácil. Como não glorificá-LO se somos suas criaturas? Como não, se nos maravilhamos com tudo o que é Vida, se a Vida vem de Deus? É só olhar para nós mesmos, seres vivos; à nossa volta, na perfeição da Natureza, com sua inesgotável sabedoria, beleza e ciclos perfeitos. É só observar o firmamento em noite estrelada, um infinito de possibilidades... Glória, glória aos Céus!
Agora chega a vez de pensar em Paz – palavrinha fácil, porém ato tão difícil! A Paz deve ser vista em várias dimensões.
É nosso desejo pessoal encontrar paz interior, paz íntima, espiritual. É uma tarefa diária, a tentativa desse encontro. Não é algo que, uma vez feito, assim permanece. É construção constante, trabalho árduo. Porque, para conseguir encontrar a Paz interior temos que nos conhecer, nos estudar, nos enfrentar, assim como aos nossos fantasmas, nossos erros e acertos. Nossa profundidade de alma, de mente e espírito. O primeiro passo para a construção da Paz é a limpeza dos porões de nossa alma, nossa essência. É difícil, mas não impossível realizar tal tarefa, apesar de sabermos que nunca conseguiremos arrematá-la. Mas o sentimento de Paz interior é tão, mas tão bom, que vale todo o esforço, vale a pena.
Há a dimensão da Paz com meus próximos, minha família mais íntima; a construção também diuturna da Paz nos relacionamentos. Daí passamos aos nossos vizinhos, nossos amigos, nosso bairro, nossa cidade. Paz urbana, que já envolve diferentes questões, exige que se ampliem os conhecimentos a cerca de inúmeros aspectos do cotidiano. Paz no país, nos continentes, entre raças, povos, religiões. Paz que exige respeito ao outro, justiça, tolerância.
E aqui voltamos mais uma vez para dentro de nós mesmos, com uma lição: primeiro e antes de tudo eu tenho que me tolerar, ser justo comigo mesmo, respeitar-me, amar-me. Se não me abasteço com tudo isso, o que posso oferecer ao outro? Se não tenho um “estoque” meu, de onde vou tirar para dar ao outro? Pois Paz necessita de doação, de generosidade.
Paz tão desejada, mercadoria rara nos mercados humanos!
Deveríamos também aprender a viver em Paz com o planeta que habitamos. É nossa Mãe Terra, útero que nos gera, como ousamos agredi-la?
Então, “Paz na Terra”! E aí entram os “Homens de Boa Vontade”. O que será essa tal de “boa vontade”? A palavra “boa” é simples de se entender. Porém, o que é essa “Vontade”?
Vontade é impulso, é aspiração, anseio. É desejo, intenção, escolha. É deliberação, decisão, ânimo (que vem de “anima” = alma). É determinação.
Homens de Boa Vontade = Homens de bom coração, bons desejos, boas intenções. Bons princípios, bons pensamentos, mas, principalmente, boas ações. A Vontade se concretiza através da ação.
Segundo a filosofia, a boa vontade é movida pela noção de dever, excluindo outros motivos. Aqui, fico com o mais belo significado da palavra “Dever”. Dever no sentido de ser grato, estar em agradecimento, ter ou sentir gratidão. A quem e por quê? Àquela criança que a cada ano insiste em renascer, persiste acendendo em nós mais uma e outra vez a Esperança. Esta que segundo Peguy, é uma “pequenina filha do nada”, nascendo a cada ano em nossos presépios interiores, ensinando-nos repetidas vezes que devemos também renascer com alma de criança: com corações e mentes limpos e encantados por descobrir a vida!


FELIZ RENASCIMENTO!!!

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