domingo, 17 de julho de 2011

POETAS/ARTISTAS

Tentativa
Cecília Meireles, Obra poética

Andei pelo mundo no meio dos homens!
uns compravam jóias, uns compravam pão.
Não houve mercado nem mercadoria
que seduzisse a minha vaga mão.
Calado, Calado, me diga, Calado,
por onde se encontra minha sedução.
Alguns sorriram, muitos soluçaram,
uns, porque tiveram, outros porque não.
Calado, Calado, eu, que não quis nada,
por que ando com pena no meu coração?
Se não vou ser santa, Calado, Calado,
os sonhos de todos por que não me dão?
Calado, Calado, perderam meus dias?
ou gastei-os todos, só por distração?
Não sou dos que levam: sou coisa levada…
E nem sei daqueles que me levarão…
Calado, me diga se devo ir-me embora<
para que outro mundo e em que embarcação!


PROVÉRBIOS FLAMENGOS- PIETER BRUEGHEL, O VELHO.

Pieter Brueghel, o Velho
Pieter Brueghel, o Velho, foi o primeiro de uma família de pintores famosos. Nasceu cerca de 1525 numa aldeia perto de Breda e veio a falecer em 1569. Estudou pintura com Pieter Coeck, tornando-se mestre da Guilda dos Pintores de Antuérpia em 1551. O primeiro trabalho conhecido é O Porto de Nápoles, pintado durante uma viagem a Itália, cuja paisagem o marcaria profundamente.
Embora as informações biográficas sejam escassas, a sua obra ficou como testemunho da mestria e da originalidade da sua arte. Brueghel conseguiu seguir um caminho próprio, liberto dos cânones tradicionais baseados na arte italiana. O simbolismo e o fantástico da pintura de Bosch terá sem dúvida influenciado as primeiras gravuras (As Sete Virtudes e os Sete Vícios) e as pinturas em que demonstra o interesse pela vida nos campos, não sem uma ponta de ironia. Nestas pinturas representava inúmeros camponeses em plena atividade, mas com o tempo desenvolveu um estilo mais natural e mais sólido, apresentando menos figuras. A Parábola dos Cegos, A Dança do Camponeses e Casamento de Camponeses contam-se entre as últimas obras, e aí a ironia desapareceu, dando mesmo lugar à descrição dos horrores infligidos às povoações em plena época de perseguições. Esta atitude não era isenta de riscos e o pintor teria mesmo destruído algumas obras para proteger a família.
A obra de Brueghel simplificou a realidade para a pôr ao serviço da sua visão do universal, mostrando a tragédia e a sabedoria de fundo popular.

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