quarta-feira, 28 de abril de 2010

em que ainda acredito


Eliana Miranzi
A vida vai passando, trazendo marés de contentamento, aceitação e entendimento. Em outras épocas temos sentimentos diferentes: descrença, desânimo, desencantamentos, decepções.
Enfim, nada é constante como nada é permanente; assim, não o são também nossos sentimentos, comportamentos, nossas apostas.
Na idade madura já jogamos fora muito lixo emocional, muitas crenças, recordações, e aos poucos, fica quase que só o essencial em nossos corações e mentes. E que seria o essencial?
Provavelmente teremos nossas “listinhas” diferentes. Talvez tenhamos valores diferentes. Pois tivemos cada um, vidas únicas.
Senti vontade hoje de dar um balanço em relação ao que anda morando na minha cabeça. Quais os valores que no momento me são preciosos; no que ainda acredito e acho que vale a pena apostar.
Somos dotados de inúmeros bens. Entre eles, encanta-me a enorme possibilidade que nos é concedida: a de que podemos mudar. Podemos mudar comportamentos, sentimentos, conceitos, enfim, quase tudo. É uma enorme graça dos céus. E como é bom mudar! Como é prazeroso perceber que estamos diferentes do que éramos, que aprendemos tanta coisa boa com a vida, que crescemos interiormente. Até mesmo, como ainda temos o que aprender, treinar nosso olhar direcionando-o para outros focos, outras realidades, outros modos de vida, que talvez ainda não tenhamos tido a chance de observar.
Pensando nisso tudo, percebo com clareza que uma “listinha de coisas sem nome” anda morando já há bastante tempo na minha cabeça. Entre essas “coisinhas”, se encontra o fato de que penso que mais do que nunca é preciso aceitar e acolher as pessoas exatamente como elas são. Partindo de nós mesmos: aceitar-se a si próprio. Não há nada mais “cafona” no mundo de hoje do que o preconceito, o pré- julgamento e os rótulos. Assim como a discriminação e a prepotência. SOMOS UM SÓ POVO, SOMOS TODOS SERES HUMANOS, dotados de grandes qualidades assim como de enormes defeitos. Eu os tenho, meu vizinho também. Somos um mistério maravilhoso, e surpreendente por sua riquíssima variedade. Infindável criatividade do Universo...Seres únicos, diferentes apesar de termos brotado todos do mesmo barro. Se isso desprezamos, estamos jogando fora a bela chance de nos enriquecer com as diferenças, de nos tornarmos mais iluminados, instruídos, maiores.
Portanto, não repelir, não julgar, aceitar e acolher, apesar das diferenças. O “outro é EU”...Fazemos parte de um mesmo todo.Assim como galhos de uma mesma árvore.
Outra “coisinha sem nome”: Tenho a mais firme convicção de que nunca podemos parar de aprender. Buscar por assuntos diversos, ter interesses variados, ler, estudar, se informar, sempre e sempre mais.
Mais um item na minha lista: Quanto mais ligada e atenta estou em relação à natureza, quanto mais respeito e cuidados tenho com ela, mais saudável serei. Além de aprender com ela a cada instante, com esta divina mestra. Ela nos dá alimento, abrigo, conforto e cura. E dela aprendemos o valor do que é simples. Despojamento, desapego, generosidade, renascimento, morte, são lições que a natureza nos dá a todo instante. E, cuidado! De tanto ser esquecida, maltratada, abusada, ela anda a gritar, nos dias de hoje.
Simplifiquemos a vida, o cotidiano. Será que realmente precisamos de tanta coisa, tantos objetos, tanto desperdício?Tanta complicação? Vida simples, prazeres enormes, sofisticados, fantásticos.
Nesse caminho, logo vejo que temos a chance de tudo isso aproveitar e mergulhar em nosso interior, conhecendo, cada um a seu modo, o ser que habita lá no fundo. O tesouro que todos possuímos, fonte de vida, inspiração, entendimento. Conhecer-se... Fala-se muito nisso, pouco se faz. E não há mistério nesse trabalho; basta querer. Esse exercício nos leva a descobrir o que é verdadeiramente o Sagrado, o Criador. E nos dá a oportunidade de entrarmos em contato com Ele, encontrando paz interior, espiritual. O ser humano é destinado a isso: contato constante com o Sagrado. Sem isso, as tormentas nos atingem com força e seremos fracos guerreiros perdendo batalhas.
É necessário um tanto de recolhimento, um bocado de silêncio, sossego. Necessário também nos é termos contato com outros mundos, outros ambientes, que não o nosso do cotidiano, sempre igual, enfadonho, repetitivo.
Melhorar, mudar, crescer... Ampliar a visão, treinar os sentidos, valorizar o novo, o não usual, o incomum.
Outro ponto: cuidar do que pensamos e principalmente do que falamos. Pensamentos e palavras possuem energia suficiente para incendiar o mundo, podem nos levar ao paraíso ou aos infernos. A escolha é nossa.
Enfim, relendo o que escrevi percebo que uma só palavra resumiria tudo isso:COMPAIXÃO, no seu verdadeiro sentido: com a Terra, com o outro, comigo mesmo. O Universo agradece e retribui.
PS: Ainda acredito também em Papai Noel, fadas e bruxas, anõezinhos bondosos e lobo mau, e... no coelhinho da Páscoa.
Uberaba/fev/2010.

Nenhum comentário:

Postar um comentário