segunda-feira, 23 de maio de 2011


-ILUSTRAÇÃO ANTIGA- VERBENAS -

Le Vase Brisé
Sully Prudhomme

Le vase où meurt cette vervaine
D’un coup d’eventail fut fêlé;
Le coup dut l’effleurer à peine,
Aucun bruit ne l’a révélé

Mais la légère meurtrissure,
Mordant le cristal chaque jour,
D’une marche invisible et sûre
En a fait lentement le tour.

Son eau fraîche a fui goutte à goutte,
Le suc des fleurs s’est épuisé;
Personne encore ne s’en doute,
N’y touchez pas, il est brisé.

Souvent aussi la main qu’on aime
Effleurant le coeur, le meurtrit;
Puis le coeur se fend de lui-même,
La fleur de son amour périt.

Toujours intact aux yeux du monde,
Il sent croître et pleurer tout bas
Sa blessure fine et profonde:
Il est brisé, n’y touchez pas.


O Vaso Partido
Tradução de Guilherme de Almeida

O vaso azul destas verbenas,
Partiu-o um leque que o tocou:
Golpe sutil, roçou-o apenas,
Pois nem um ruído o revelou.

Mas a ferida persistente,
Mordendo-o sempre e sem sinal,
Fez, firme e imperceptivelmente,
A volta toda do cristal.

A água fugiu calada e fria,
A seiva toda se esgotou;
Ninguém de nada desconfia.
Não toquem, não, que se quebrou.

Assim, a mão de alguém, roçando
Num coração, enche-o de dor;
E ele se vai, calmo ,quebrando,
E morre a flor do seu amor.

Embora intacto aos olhos do mundo,
Sente, na sua solidão,
Crescer seu mal fino e profundo.
Já se quebrou, não toque não.

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